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«A dor profunda que o bullying causa»

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publicado há 5 anos
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Ela entrou no carro e não me olhou nos olhos. Era uma quinta-feira e eu consegui ir buscá-la à saída da escola.

Preocupada, perguntei o que tinha acontecido. Conheço a minha filha “a léguas”. Aí, ela então, muito triste, contou que todas as amigas tinham sido convidadas para o aniversário de uma colega da outra turma, menos ela e uma outra menina.

Nesse momento, tudo ficou paralisado. Uma dor profunda invadiu-me. Como? Porquê? Qual o problema de convidar a minha filha?

Apesar da vontade de tirar satisfações com a mãe da aniversariante e perguntar por que razão a minha filha tinha sido excluída (um absurdo, claro, e eu jamais faria isso, afinal, ninguém é obrigado a convidar ninguém), tive que disfarçar para a situação não ficar pior e iniciar o discurso de que «isso acontece», «da próxima vez pode acontecer com outra amiguinha etc etc etc».

O pior foi quando ela começou a contar que as outras meninas, na frente dela, comentavam com qual roupa iriam à festa (as crianças às vezes são cruéis!). Nessa hora o meu coração contorceu-se mais uma vez e eu já estava a pensar que no dia seguinte ela iria ouvir, na hora do recreio, os melhores momentos da tal festa.

Foi uma noite difícil e eu não conseguia tirar o travo amargo da boca. A minha consternação ia muito além daquele episódio isolado… Essa foi, seguramente, uma das primeiras grandes deceções do início da vida adolescente da minha menina. Para ela, e para mim.

Senti com uma força esmagadora a minha impotência diante das coisas da vida. Não, definitivamente não conseguirei protegê-la dos inúmeros percalços e quedas que ela experimentará na sua trajetória, seja como filha, como mãe, mulher, profissional, enfim, em todos os papéis que ela vier a desempenhar. E aquela máxima “criamos os filhos para o mundo” nunca me pareceu tão verdadeira… Tão verdadeira e tão amarga.

Mas tudo é uma lição e eu também ponderei que, muitas vezes, deixei de convidar alguns amigos para as festinhas da minha filha e sem intenção, certamente magoei alguém.

Não pretendo cometer mais esse erro, pois vivenciei o outro lado da história.

O facto é que, em plena pré-adolescência, uma mãe tem que estar mais atenta do que nunca aos avanços e investidas de um monstro chamado bullying, um monstro que tem várias facetas: ele pode ser direto, ou mesmo camuflado, insidioso, disfarçado de indiferença, mas mesmo assim bullying, um dos grandes males do século.

Embora não possamos lutar fisicamente com as várias facetas desse monstro que ronda as nossas crianças e adolescentes, só nos resta ficar sempre muito atentas a todos os sinais e comportamento dos nossos filhos (há tantos pedidos de socorro silenciosos…), e confortá-los com todo o nosso amor.

Sim, porque se tem um remédio poderoso, que alivia as dores da alma, esse remédio é o colo de mãe.

 

Texto: Marcella Bisetto, mãe, advogada e escritora apaixonada

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