Educar nunca foi fácil e as dúvidas multiplicam-se, principalmente para os pais de primeira viagem. A psicóloga clínica Leandra Cordeiro dá-lhe alguns conselhos, mas sublinha que o mais importante é seguir a sua própria intuição.:
- Certifique-se que as necessidades emocionais, psicológicas, mentais, espirituais, físicas, nutricionais e sociais dos seus filhos sejam atendidas, tendo o cuidado de não hiper-estimular, sub-estimular, medicar indevidamente, super-proteger ou negligenciar. Tudo num ambiente livre de ecrãs, de alimentos ultraprocessados, transgénicos, agrotóxicos e plásticos.
- Opte por jogos de tabuleiro e eleja as tecnologias como inimigas do desenvolvimento sem esquecer que o uso das tecnologias como ferramentas psicopedagógicas são uma meta curricular dos países em desenvolvimento.
- Elogie e pense positivo: é fundamental para o crescimento do amor-próprio mas cuidado com os tiques de narcisimo.
- Dê muito colo mas não o habitue mal.
- Adote uma educação firme mas não autoritária, estimulante e protetora que promova a independência, gentil, mas não excessivamente permissiva, ambientalmente correta, num quarto montessoriano à prova de acidentes, num lar multilíngue com quintal arborizado, situado num bairro sem poluição e com ótimas escolas construtivistas.
- Passe tempo com os seus filhos. Tempo de qualidade. Sim, porque no trabalho exigem-se ‘X’ pós-graduações para poder dar-lhes a oportunidade de várias atividades extracurriculares. Não os sobrecarregue, mas é fundamental que eles experimentem vários desportos e uma ou outra atividade artística.
- Açúcar? Só aos dois anos.
- Pense num segundo filho. É importante para o desenvolvimento das crianças… não demore muito tempo, mas deve ter em atenção o tempo certo de reorganização da dinâmica familiar.
- Ah! Não esquecer a água micelar e o óleo de coco.
Há um provérbio africano que diz que para criar um bebé é preciso uma aldeia inteira, aludindo (e bem) à necessidade de apoiar a família que nasce também com a chegada da criança. É fundamental a partilha de apoios e conhecimentos que transmitam segurança e suporte, numa rede chegada de vínculos fundamentais entre amigos próximos e família alargada.
No entanto, penso que hoje assiste-se a um ‘boom’ de informação alarmante e muitas vezes contraditória que faz com que as mães (sobretudo, as de primeira viagem) estejam mais atentas ao que se diz e ao que se escreve do que à sua própria intuição.
Um psicanalista inglês disse um dia que «amar é a melhor forma de conhecer», ressalvando o pressuposto de que quando estamos sintonizados na tarefa de cuidar e responder, tudo é mais fácil quando nos ligamos afetivamente. Com a segurança necessária (e alguma arrogância que só às mães é permitida) para dizer ao mundo: «O filho é meu e agora eu é que sei!»
Texto: Leandra Cordeiro (parte do texto inspirado num artigo da página Pediatria Integral) Docente na Escola Superior de Educação de Viseu Psicóloga Clínica: exerce Clínica Privada no Centro Pediátrico e Juvenil de Coimbra e na CLIVIDA, Viseu Colaboradora do Instituto Superior Miguel Torga (membro do Núcleo João dos Santos) E-mail: [email protected]