Chama-se “Usos, competências, riscos e mediações da Internet reportados por crianças e jovens” e é o nome do mais recente relatório do projeto europeu EU Kids Online. Os encontros com pessoas que se conhecem online foi um dos temas abordados no inquérito.
Trata-se de um estudo que se baseou nas respostas de 1974 utilizadores portugueses, com idades entre os nove e os 17 anos, acerca do que entendiam poder ser um perigo no uso da Internet.
O inquérito Kids Online, realizado entre março e junho de 2018 pela empresa GfK, foi coordenado pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e contou com o contributo da Direção-Geral de Educação e da Associação DNS.PT. Cristina Ponte é a coordenadora do projeto. A apresentação vai decorrer dia 28 de fevereiro na reitoria da Universidade Nova de Lisboa. A conferência é aberta ao público e vai discutir a relação de crianças e jovens portugueses com as novas tecnologias.
Conhecer novas pessoas na Internet tem sido uma das maiores preocupações por parte de adultos relativamente aos mais novos. Para adolescentes, contudo, esta é uma oportunidade para alargar laços sociais: 71% entre os 15-17 anos e 62% entre os 13-14 anos contactaram com pessoas que não conheciam cara a cara, sem diferenças de género.
Também sem diferenças de género, 44% dos inquiridos encontraram-se cara a cara com pessoas que conheceram na Internet. Quase metade dos adolescentes reportou esses encontros e cerca de um terço dos entrevistados mais novos também.
A reação destacada sobre esse momento, mais expressa por raparigas, foi ficar contente (79%). Por sua vez, 19% não ficaram nem contentes nem perturbados; 2% (sobretudo entre os 9-10 anos) ficaram perturbados.
O confronto com os dados de 2010 e de 2014 mostra uma acentuada subida no estabelecimento de contactos online com pessoas que não se conhecem pessoalmente neste último ano. Esta é a maior subida entre as quatro situações de risco apresentadas e ilustra a associação a oportunidades de alimentar redes de sociabilidade.
Os encontros cara a cara com pessoas que se conhecem na Internet também registam uma subida expressiva entre os resultados de 2014 e os de 2018.
Ter encontros offline com pessoas que conheceram online é uma situação mais comum entre adolescentes: 49% dos que têm 15-17 anos e 46% dos que têm 13-14 anos. Contudo, cerca de um terço entre as idades mais novas também teve esses encontros.
- Ter encontros presenciais com pessoas que se conheceram online pouco varia entre rapazes (45%) e raparigas (42%).
- Estes valores de 2018 apresentam um claro aumento relativo aos estudos de 2010 e 2014.
Encontros offline com pessoas que se conheceram online não constituem necessariamente uma experiência negativa para crianças e jovens e podem mesmo proporcionar satisfação. A grande maioria, 79% dos que tiveram esses encontros ficaram contentes por terem encontrado cara a cara uma pessoa que tinham conhecido na Internet. Quase um quinto (19%) não ficou nem contente nem perturbado. Cerca de 2% ficaram de algum modo perturbados com o encontro.
- Há diferenças significativas por idade. A perturbação foi expressa por 22% das crianças de 9-10 anos que responderam à questão.
- Ficar contente foi mais expresso pelas idades intermédias (11-12 e 13-14 anos).
- As raparigas (83%) ficaram mais contentes com esses encontros presenciais do que os rapazes (74%).
- Para 24% dos rapazes os encontros não trouxeram nem contentamento nem incomodaram.
