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Será que existe igualdade na parentalidade?

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publicado há 6 anos
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Igualdade na parentalidade?

Há quem diga que somos «o sexo forte»; não há como o negar. Mas entre a testosterona e os bíceps, a forma como desafinamos e a valentia de reagirmos a um filho que resiste à sopa, esfanicados e chamando pela mãe (argumentando, de forma quase cândida, que «ele não quer comer»), agradecíamos que não repetissem que se fossem os homens a ter os bebés a Humanidade já tinha acabado.

É verdade que, habitualmente, nos desculpamos com a vontade das crianças quando nos esquecemos delas a ver os desenhos animados enquanto damos um salto até ao computador, respondemos aos mails e consultamos os jornais. E é, também, verdade que somos repreendidos quando as t-shirts e os calções não combinam. E que não somos nós quem, depois de repetirmos muitas vezes que só não queremos é incomodar, escrevemos todas as semanas à sua professora. E sim, somos nós, quem dá um colorido açucarado a uma ou outra refeição, e não temos o rigor de encontrar mais três colheres de sopa depois de um filho ter declarado que ela chegou ao fim. E – é verdade – regra geral, não choramos com nenhuma das histórias para crianças. Nem vivemos as festas de natal com uma agitação de dar cabo dos nervos até que a nossa criança aparece no palco [mais ou menos, pronto!]. E, confirma-se, também, que não esbracejamos, com espalhafato, para que ela nos veja e nos encha de orgulho quando dizemos às pessoas do lado que «aquele, ali» é o nosso filho [só nos esticamos o mais que conseguimos para nos assegurarmos que está toda a gente atenta… Por mais que, enquanto olhamos de soslaio para o telemóvel ou fazemos mais dez fotografias do mesmo plano, choremos às escondidas].

Às vezes, sentimos que o pai, sendo indispensável para o crescimento duma criança, parece ser um meio-caminho entre uma criança e a sua mãe. Se ela se pinga toda com a sopa o que é que ouvimos: «Está visto. Sai ao pai». Se, entretanto, entramos pelas trapalhadas dum filho adentro, e a sala se transforma numa plantação de legos e de pinypons, acompanhados por algumas bolachas, há, desde logo, quem declare: «Iguaizinhos ao pai». E outras coisas dessas que, com condescendência, quase transformam o pai no filho mais velho duma família.

Acreditem! Nem sempre é fácil ser pai! Até porque somos continuamente desconsiderados. Sim! Expliquem-nos porque é que, sempre que chegamos a um parque de estacionamento com um filho de colo a qualidade de pai não está contemplada nas placas de estacionamento preferencial, tal como acontece com as mães? E porque é que na fila dum serviço de atendimento público parece que não há quem nos considere dignos de atendimento prioritário, mesmo que venhamos «equipados» com um bebé? Será menos bebé porque está com um pai? E quando um dos nossos pimpolhos precisa que lhe mudemos a fralda, num qualquer espaço público? Aniquilação total. Ou vamos à casa-de-banho das senhoras ou ficamos à porta, de coração nas mãos, porque solicitámos a uma alma caridosa a sua nobre ajuda e depositámos-lhe o nosso bem mais valioso nos braços. Seja como for, a existirem fraldários ou no caso do atendimento prioritário, mais uma vez, a sinalética exclui os pais.

Mas porque é que o amor de pai e a função do pai, não têm o mesmo tratamento? Igualdade na parentalidade! Já! Deveria ser o lema de todos os pais (e mães, claro!).

 

 

Texto: Eduardo Sá, visite o site oficial do psicólogo

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