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A frustração, o meu filho e… a MATEMÁTICA!

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publicado há 6 anos
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O que tem o meu filho a ver com esta característica a que chamam frustração? E o que tem a frustração a ver com a matemática?
E como se interligam estas três peças? De forma mais ou menos linear os educadores reconhecem hoje em dia, e nós pais também, mesmo que isso nos custe, que os nossos filhos têm cada vez menos tolerância à frustração.

Frustração é o sentimento que surge quando não satisfazemos um desejo ou uma necessidade. É uma reação a uma expectativa não correspondida. A tolerância à frustração passa por aceitar que nem sempre as coisas correm como idealizamos e nem tudo pode ser controlado! E passa por sabermos que todos nós nos frustramos várias vezes e isso faz parte da vida!

Esta competência desenvolve-se desde sempre! Mas enquanto são mais pequeninos é mais fácil trabalhar a tolerância do que quando já são maiores, por isso está nas nossas mãos ajudar os nossos filhos nesta aventura!

 

Sugestões para melhorarmos a relação dos nossos filhos com a frustração:

 

1 – Trabalhem na rotina diária o esforço

Os nossos filhos devem experimentar situações em que têm de se esforçar. Seja nas aprendizagens, no seu desenvolvimento ou mesmo num desporto. Nada se consegue sem esforço, todos já ouvimos esta frase, então porque é que tantas vezes tentamos que os nossos filhos não tenham de se esforçar por algo? Até temos as desculpas prontas para usar: são pequenos, são frágeis, podem magoar-se, vão ficar tristes… e com isto perdemos excelentes oportunidades de os ajudar a perceber que o esforço é uma peça importante na vida deles! (a matemática agradece que as crianças saibam esforçar-se!!!)

2 – Não valorize os momentos em que o seu filho «está do contra»

Se hoje é tudo ao contrário do que os pais pretendem, se a birra está em modo «on», não lhe dê mais atenção do que a necessária. Não pare tudo para lhe dar atenção e muito menos lhe faça a vontade só porque sabe que assim acabam os disparates (e até já nem estamos com paciência). Não valorize e procure um momento em que esteja mais calmo para falar com ele, porque enquanto «está do contra» não vai ouvir! (a matemática agradece que as crianças saibam ultrapassar momentos menos bons!!!)

3 – Não dramatize

Utilizarmos a nossa energia para melhorar algo que correu mal é mais construtivo do que ficarmos a dramatizar. Se há um menino que vai fazer uma festa de anos e não convidou o seu filho, não é o fim do mundo. Claro que os miúdos se apercebem e ficam tristes mas aos pais cabe a tarefa de não dramatizar. Explicar. Dizer que faz parte do crescimento dele. Que nem sempre tem de ser o escolhido. E que ficar triste também não é um problema.

Se na escola não foi escolhido para ser a personagem principal de uma peça de teatro e mal entra no carro começa logo a contar o sucedido, a chorar e a mostrar frustração perante a situação… Ouça-o. Converse com ele. Não tem de ir falar com o professor e ver o porquê. Tudo isto faz crescer!

Se todos jogam bem futebol e o seu filho até para correr tem pouco jeito, não há mal nenhum. As crianças têm competências e gostos tão diferentes umas das outras (e ainda bem!) que não podemos esperar que o nosso filho faça sempre parte dos melhores! Por isso ajude-o a perceber que se não é tão bom numas coisas será melhor noutras e assim são TODAS as crianças.

Não deixe que fique a falar nessa questão infinitamente e retire isso também do seu pensamento. Assim ele vai perceber que não é grave a situação porque está a passar, mas é importante que nós pais também não dramatizemos!

É uma forma de as crianças perceberem que não são sempre o centro do mundo mas serão sempre o nosso mundo! (a matemática agradece que as crianças não dramatizem!!!)

4 – Trabalhe a auto estima da criança

Uma criança que tenha uma boa auto estima (nem de mais nem de menos) é uma criança que vai encarar as adversidades, as frustrações com normalidade. E com o seu crescimento vai aprendendo a reagir de forma mais saudável. Se perante qualquer situação dizemos sempre que é fácil, se a criança não for capaz vai pensar que não é tão boa como as outras. Por outro lado, se perante uma situação difícil para a idade e desenvolvimento da criança dissermos que é difícil, se ela for capaz vai sentir-se feliz e com uma sensação de superação.

Leve-o a aceitar que hoje não consegue mas com o tempo vai conseguir. Ajude-o a perceber que a isto se chama CRESCER! (a sala de aula de matemática precisa de crianças com boa auto-estima!!!)

5 – Diga NÃO sempre que tiver de dizer

Dizer não é uma excelente maneira de ajudar o seu filho a preparar-se para o mundo real. De facto, o não que ouve dos pais é tantas vezes a primeira grande frustração que a criança vive. A criança precisa de perceber que há o Não e há o Sim.

Mesmo com todas as novas perspetivas da parentalidade positiva, não há crescimento sem o Não, nem crescimento sem o Sim! Diga e leve a sua decisão até ao fim. Mesmo que chore. Mesmo que se irrite. Porque isso são formas que a criança encontra para expressar a sua frustração e à medida que o tempo passa vai encontrar formas mais suaves de o fazer.

6 – Ensine-o a esperar

Os nossos filhos hoje têm muitos focos de distração e muitas vezes parecem viver numa realidade do «aqui e agora». A nós, pais, cabe-nos a difícil tarefa de ajudar a aprender a esperar. Cabe-nos transmitir-lhes que não têm de ser os primeiros a ter as vontades satisfeitas, que o pai e a mãe também gostam de ver um programa de televisão e não tem de estar sempre no canal Panda só porque ele quer ver. Não têm de ser os primeiros, nem de ser sempre a vontade deles a prevalecer.

Família é muito mais do que um grupo de pessoas que habitam juntas. É um planeta de aprendizagens em conjunto. Onde juntos todos crescem sem personagens principais vitalícias nem desejos que são ordens.

Ensinar os nossos filhos a esperar pela vez dele para falar, para ser servido, para escolher um filme, para… é muito importante na formação da personalidade dele. Ensina-o a esperar e a vida ensinará que vale a pena crescer! (a matemática agradece que as crianças saibam esperar… muitas vezes o trabalho que fazem no sentido do sucesso não é imediato, saber esperar torna-os mais fortes!!!)

A frustração é um estado natural, inato, um atributo necessário à sobrevivência, mas saber lidar com ele e ter uma boa tolerância é fundamental.

Hoje temos um mundo que evolui e desenvolve de um dia para o outro. Os nossos filhos terão, certamente, profissões que ainda não existem (três em cada quatro crianças do 1.º ciclo desenvolverá uma profissão que ainda não existe, são dados de estudos recentes), como os preparamos para isto?

Desenvolver a tolerância à frustração é de certeza uma excelente competência que fará a diferença de uns para outros.

Se isto vai ser importante na sala de aula de matemática? Vai! Nem imaginam quanto!

Texto: Inês Cruz, autora do blogue Inês Ferreira Cruz

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