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Elogio… o meu filho merece um elogio!

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publicado há 6 anos
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São muitas as situações em que ficamos orgulhosos pelas atitudes ou palavras dos nossos pequeninos. Esse orgulho pode ser traduzido por palavras, gestos ou ações. Mas às vezes fica a dúvida: Devemos elogiar? Quando? Como? Sempre? E se exageramos? E se não o fazemos suficientemente?

Os nossos filhos crescem, evoluem, tornam-se mais responsáveis, mais atentos e a nossa presença nessa evolução é sempre fundamental. Se devemos elogiar? Claro! Mas de facto temos de ter cuidado para manter o equilíbrio, nem poupar em demasia nos elogios nem cair no exagero. O elogio tem um poder construtivo e de reforço positivo na criança desde muito cedo mas quando tecemos poucos elogios ou elogios em excesso corremos o risco de produzir efeitos contrários.

Pensando em situações de crianças mais pequeninas… Se a criança vai pela primeira vez à casa de banho sozinha, escreve a primeira letra, fica sentada na cadeira de refeição sem sair, ou começa a comer a papa pela mão dela… Podemos e devemos explicar-lhe que estamos contentes com esse ato. Mas cuidado, as crianças não se deixam enganar. Se fez um desenho sem qualquer sentido, se desenhou uma letra que não está legível, se comeu papa sozinha, mas certamente não sem se sujar e com algumas colheres a falharem o alvo… Não vamos elogiar como se fosse uma obra de arte! Elas entendem o nosso exagero também. Podemos reforçar positivamente, dizer-lhe que conseguiu, mas sem exagero. Que vai conseguir fazer ainda melhor mas que está no bom caminho.

Os elogios reforçam a auto-estima dos pequeninos, fazendo com que queiram tentar repetir a tarefa com a mesma qualidade ou até melhor, porque percebem que têm o apreço dos pais, dos avós, da educadora.

Evitemos os elogios feitos quase sem olhar, quando nos perguntam se fizeram bem, se a construção está gira e nós, com a cabeça e a atenção noutro lugar, praticamente sem olhar respondemos: «Uau… espetacular filho!» Eles também percebem isso; que não estamos atentos e que carimbamos as atitudes todas da mesma forma. Ao elogiar uma criança estamos a mostrar-lhe afeto e atenção, mas é preciso fazê-lo bem feito, com sentido e coração.

Os bons elogios não se centram na pessoa da criança mas nas atitudes que têm, no esforço, nos progressos. E podemos também provocar a reflexão (se calhar quando já são um bocadinho mais crescidos) através de comentários que os façam pensar. Por exemplo, se comeu a sopa pela sua mão, em vez de dizermos: «Filho, muito bem, és genial!» Porque não concretizar o que gostamos de facto e explicar-lhe a razão do elogio? «Hoje comeste a sopa toda pela tua mão, estás a ficar mais desenvolvido e a melhorar a tua postura à mesa».

Quando, já mais velhos, chegam a casa com um teste (de matemática) que fizeram e até sabemos que não é uma disciplina onde se sentem à vontade, em vez de dizermos: «És mesmo inteligente filho! És o maior», podemos dizer, reforçando o processo: «Estás a melhorar bastante a tua capacidade de estudar, notam-se progressos.»

Caímos hoje na tentação de elogiar tudo e deixar passar a ideia de que tudo o que fazem é bom. Devemos estar atentos também ao nosso discurso. Não os ajuda se estão constantemente a ouvir elogios, tornam-se mais egocêntricos e crianças e adolescentes com tendência a pensarem que são os melhores, e que se existir um rei serão eles certamente o dono da coroa. Precisam de crescer a perceber que há sempre forma de melhorarem as atitudes, as suas ações e o seu discurso.

Algumas dicas:

1 – Olhe nos olhos do seu filho quando o for elogiar (para garantir que ambos estão focados nesse momento) e diga-lhe o quanto aprecia a sua capacidade, mesmo que não seja o melhor jogador da equipa dele ou o melhor aluno na escola (já sabemos que isso não é o mais importante!);

2 – O elogio pelas atitudes positivas que teve não deve ser acompanhado de nenhuma recompensa material. «Hoje estás de parabéns, comeste a sopa toda. O pai vai dar-te um chocolate de sobremesa!»;

3 – Sempre que o seu filhote tenha uma atitude digna de elogio (que envolva respeito pelas diferenças, amor, entreajuda, bondade) faça-o sem hesitar (mais do que pelas suas capacidades intelectuais);

4 – Se o seu tesouro não merece ser elogiado… não o faça! Pode explicar-lhe que esperava que ele tivesse tido uma atitude diferente, diga-lhe qual e explique-lhe a razão de não estar do seu agrado, para que não fiquem dúvidas na sua cabecinha sobre o que fez, o que podia ter feito e onde pode melhorar;

5 – Os elogios não devem ser feitos por comparação! «Fantástico filho, já consegues colocar o cinto de segurança no carro, como a tua prima! Muito bem!» Tente algo mais direcionado ao seu filho, sem comparações. «Vês como consegues? Quantas vezes te disse que um dia ias começar a ser capaz de colocar o cinto sem ajuda do adulto? Parabéns! Estás mesmo a crescer.»

6 – Pode elogiar com palavras, gestos, palmas, abraços, beijos… para os mais crescidos pode bastar um simples piscar de olhos.

Algumas ideias de elogios simples e úteis:

 

– Gosto muito das tuas ideias. É importante para nós ouvirmos a tua opinião;
– Tu és um filho fantástico;
– Eu acredito em ti;
– Hoje deixaste a mãe e o pai muito felizes e/ou orgulhosos;
– Nunca deixes de ser curioso;
– Essa é uma ótima pergunta, ainda bem que a colocaste;
– A mãe aprende tantas coisas contigo;
– Eu entendo a tua opinião, mesmo que seja diferente da minha;
– Estás mais responsável dia após dia;
– Muito bem filha, a dizer bom dia aos vizinhos. Se a mãe algum dia se esquecer de cumprimentar, tu lembras-me?;
– Se isto vai ser importante na sala de aula de matemática? Vai! Nem imagina quanto!

 

Texto: Inês Cruz, autora do blogue Inês Ferreira Cruz

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